Mapeamento registrou existência de Aedes aegypti em parque na Aclimação

No parque que você frequenta pode haver um molusco de 15 cm envolto numa concha marrom, raro em São Paulo e ameaçado de extinção, conhecido popularmente como saboneteira.

Também podem ser encontradas lagartas-de-fogo, tarântulas, mamangavas, marias-fedidas, escorpiões-marrons, aruás e lacraias.

Todos esses invertebrados sempre existiram em São Paulo, mas ainda não tinham sido catalogados. Desde anteontem, entraram no inventário da fauna da cidade, que agora tem 761 espécies.

“Estamos sempre colhendo novas amostras, é um trabalho de formiguinha”, afirma Vilma Geraldi, diretora da Divisão de Medicina Veterinária e Manejo da Fauna Silvestre (da prefeitura).

Por falar em formigas, seis novas espécies delas foram encontradas nos parques municipais da cidade: saúvas, quenquéns, lava-pés, formigas-loucas, carpinteiras e legionárias.

Cada uma com características próprias –as legionárias, por exemplo, são nômades, nunca se fixam em uma só colônia.

Foram registradas 43 espécies de artrópodes, entre vespas, lagartas, mosquitos, pernilongos e besouros. Também foram acrescentadas à lista 18 novas espécies de moluscos, como caramujos terrestres e aquáticos e a saboneteira.





“Antigamente a saboneteira era encontrada com frequência em rios e lagos, mas fico surpreso que tenham encontrado em São Paulo, porque ela é muito afetada pela poluição”, diz Flávio Passos, professor da Unicamp especialista em moluscos.

AJUDA À SAÚDE

O inventário pode ser útil para intervenções das equipes de saúde, segundo a bióloga Elisabeth Gonçalves.

O mapeamento registrou, por exemplo, a existência de Aedes aegypti (mosquito da dengue) em cinco parques:  Parque  do Ibirapuera, Aclimação, Rodrigo de Gásperi, Luís Carlos Prestes e Trianon. “O que não significa que estejam infectados com o vírus”, ressalva.

Também foram encontrados caramujos transmissores da esquistossomose no parque da Luz, no Shangrilá e no viveiro do Ibirapuera.

Para André Freitas, professor do Departamento de Biologia Animal da Unicamp, o levantamento ainda é um primeiro passo, mas, no futuro, se for feito de forma contínua, será possível usá-lo para medir a saúde da cidade.

“Quanto maior a biodiversidade, maior a qualidade de vida das pessoas”, diz.

O último inventário, com 700 espécies, foi divulgado em maio do ano passado. Tinha até onça-parda e um raríssimo muriqui-do-sul.

Fonte: Folha de S. Paulo





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